É o orgulho de qualquer jardineiro que, para além de
desfrutar de uma horta verde e vibrante, beneficia ainda dos seus
…
directamente da terra. Existem dezenas de ervas aromáticas que podem
ser cultivadas, algumas mais tradicionais do que outras – estas são das
mais populares.
1. Cebolinho (Allium schoenoprasum)
Perfil: uma planta bolbosa cujas folhas verdes e
flores azuladas esféricas têm um sabor picante a alho-porro e são ricas
em vitaminas A e C. Delicioso em saladas e temperos, sabe bem ter o
cebolinho à mão de semear e de colher.
Cultivo e cuidados:
semeada ou envasada, o cultivo do cebolinho requer um solo rico em
nutrientes e com elevada exposição solar. Na Primavera limpam-se as
folhas em preparação para a nova rebentação e no Verão os cuidados
prendem-se com uma rega adequada. No Outono, esta planta pode ser
retirada da terra, envasada e colocada numa janela, para continuar a
desenvolver, mesmo no Inverno. A colheita deve ser moderada, uma vez que
a sua folhagem é frágil e enfraquece facilmente.
Utilização:Os caules, de cor verde-viva, desta erva possuem um gosto a cebola,
sendo utilizados em saladas e sopas de tomate, recheio de batatas
assadas e pratos de ovos. As folhas frescas são utilizadas para
aromatizar molhos e queijos frescos. Cortado em pequenas rodelas o
cebolinho realça as saladas, os ovos e as omeletes, o queijo branco e os
molhos. O cebolinho também é óptimo para decoração de pratos.
Antioxidante e digestivo.
2. Coentros (Coriandrum sativum)
Perfil: apresentando-se em forma de arbusto com folhas
recortadas e flores brancas delicadas, os coentros caracterizam-se
pelas suas sementes picantes, recheadas de óleos essenciais e ácidos
orgânicos. No entanto, também a sua folhagem verde é amplamente
utilizada na cozinha.
Cultivo e cuidados:
semeados preferencialmente em Abril, os coentros requerem uma terra
solta e permeável, num local protegido mas solarengo. Durante a fase de
crescimento pedem água abundante e a sacha periódica do solo. Depois
de florescer em Junho, as sementes necessitam de um período de
maturação que se prolonga até ao Outono – nessa altura, colhem-se os
coentros antes de espigarem, caso contrário, todas as suas folhas caem.
Utilização:As folhas, as raízes, os caules e as sementes desta erva, fortemente
aromática, têm gostos levemente diferentes. As folhas servem para
aromatizar sopas, guisados de favas ou ervilhas e saladas de alface. Os
caules e as raízes podem ser cozinhados nos estufados e sopas, mas devem
ser retirados antes de servir. Possui um perfume incomparável,
refrescante e de sabor marcante. Combina muito bem com peixe, frutos do
mar, frango e legumes. As suas sementes são usadas para temperar
marinadas. Antioxidante, digestivo, moderador de apetite, auxilia no
tratamento da ansiedade.
3. Erva-cidreira (Melissa officinalis)
Perfil: no Inverno a erva-cidreira revela-se como um
arbusto amplo com folhas esverdeadas e emana um delicioso aroma a limão;
no Verão ostenta pequenas flores brancas. Contém fibras com elevado
valor nutricional, os óleos essenciais citrolenal e citral, mas também
taninos, saponinas e timol, cujas propriedades são anti-sépticas. A
erva-cidreira é mais saborosa quando colhida fresca e é amplamente
usada em chã, refrescos e sobremesas.
Cultivo e cuidados:
o seu cultivo pode ser feito por divisão, necessitando principalmente
de um local com muito sol e terra solta. No final do Inverno, a planta
requer uma poda quase integral para que possa desenvolver uma nova
folhagem.
Utilização:Com sabor semelhante ao do limão, utilizam-se as folhas inteiras em ponches, bebidas de frutas, chás, em sopas e saladas.
4. Funcho (Foeniculum vulgare)
Perfil: caracterizado por hastes finas e altas que
podem atingir um metro de altura, o funcho revela ainda, sempre no final
do Verão, pequenas flores amarelas. As hastes, sementes e flores
contêm óleos essenciais bastante condimentados, sendo utilizados em
temperos e conservas diversas. A sua semente é ainda ingrediente
habitual em pastelaria e, curiosamente, em chás digestivos.
Cultivo e cuidados:
quando comparado com outras ervas aromáticas, o funcho apresenta um
processo de desenvolvimento bem mais longo e que ascende aos dois anos –
no primeiro forma pequenos arbustos que, no ano seguinte, dão lugar às
hastes, às flores e respectivas sementes. O funcho deve ser semeado ao
ar livre a partir de Abril, num local com solo solto e muito
solarengo.
Utilização:Os caules e folhas desta erva aromática têm um delicado sabor adocicado.
As folhas plumosas do funcho são uma boa guarnição para legumes e
pratos de peixe. Os caules secos são muito eficazes como base para
colocar o peixe enquanto está a ser grelhado. Usa-se também em molhos e
guisados.
5. Hortelã-pimenta (Mentha piperita)
Perfil: caracterizada como uma planta perene
resistente, bonita e muito aromática, a verdade é que existem várias
espécies de hortelã-pimenta que emanam agradáveis aromas a manjericão,
chocolate e limão, só para dar alguns exemplos. As suas folhas
brilhantes e de um verde intenso, contêm óleos essenciais com
propriedades terapêuticas, especialmente indicadas para o tratamento de
perturbações digestivas, inflamações, espasmos e dores gerais. Na
cozinha, é um ingrediente privilegiado em sopas, molhos, sobremesas e
várias bebidas, incluindo o chá.
Cultivo e cuidados:
a hortelã-pimenta pode ser plantada com ramificações das suas próprias
raízes e o seu crescimento veloz requer um canteiro delimitado ou
então um vaso. Pouco tolerante em relação ao Inverno, está no seu auge
nos meses mais quentes do ano.
Utilização:Entre as mais
importantes ervas culinárias encontra-se a hortelã, que tem uma vasta
gama de sabores, conforme a variedade. Como alternativa ao molho de
hortelã, é excelente espetada num assado ou estufado de borrego; picada,
fica bem em sopas de creme e em almôndegas. As folhas frescas
aromatizam sopas e pratos de carne e peixe. A hortelã picada também pode
ser espalhada sobre legumes cozidos. Tem um sabor interessante quando
adicionada a molhos picantes de frutas e especiarias, a groselha negra,
ameixas e outros frutos de Verão em calda, e fica óptima em saladas de
fruta, gelados, em chás ou simplesmente misturado com queijo de cabra e
pepino, como fazem na Grécia. Estimulante, digestiva. O pó da folha é
usado para combater parasitas intestinais (ameba e giárdia) em crianças.
6. Manjericão (Ocimum basilicum)
Perfil: perfumado, saboroso e florido, o manjericão
é uma excelente adição a qualquer jardim aromático. Assumindo o
formato de um pequeno arbusto, as suas muitas ramificações são cobertas
por folhas verdes brilhantes e rijas. Quanto mais jovens forem os
rebentos, mais condimentadas são as suas folhas – recheadas de óleos
essenciais como o estragol, cânfora e linalol, contém ainda ácidos
orgânicos e generosas doses de vitaminas C e A. Utilizado para temperar
muitos pratos culinários (a típica salada de tomate com queijo
mozarela é um bom exemplo), não deve ser, porém, consumido em excesso
devido ao seu alto teor de estragol.
Cultivo e cuidados:
plantado com recurso a sementes, o manjericão exige muito sol, terra
nutrida e permeável, de preferência longe dos caracóis e protegida
contra a geada, nomeadamente a primaveril. A colheita deve ser sempre
feita a partir da zona superior da planta, um gesto que favorece a sua
produção. Deve ser replantada de 4 em 4 anos.
Utilização:É uma das ervas mais versáteis que se pode cultivar em casa. As folhas
verdes têm um aroma tentador e estonteante e um sabor pungente. Se
cozinhar com ela adicione-a no final, para que conserve o sabor. O
manjericão é muito usado nas cozinhas italiana e francesa, para dar
sabor ao tomate, com o qual tem uma extraordinária afinidade, e é também
misturado em saladas e em diversos molhos -sendo o mais popular o pesto
italiano. Só para fazer o pesto é que as folhas de manjericão devem ser
cortadas, porque perdem a cor; nos outros casos, rasgue-as com os
dedos, em pequenos pedaços. Combina muito bem com tomate, berinjela,
abóbora, frango e vitela. Digestivo, sedativo, tónico, baixa a febre;
auxilia no tratamento de infecções bacterianas e parasitas intestinais.
7. Orégão (Origanum vulgare)
Perfil: apresentando-se sobre a forma de arbusto
com muitas ramificações, a sua diversidade em termos de espécies
resulta numa enorme variedade de plantas que incluem folhas verdes ou
douradas, assim como flores brancas e lilases que, arrebentando em
Julho, duram até aos meses outonais. A combinação dos óleos essenciais
timol e cravacrol e o teor de vitamina C resultam num sabor delicioso
que, em forma de flor fresca ou seca, é um dos ingredientes principais
nos pratos italianos.
Cultivo e cuidados: o
cultivo do orégão pode ser realizado através de sementes ou divisão,
desde que feito num solo solto, protegido e ensolarado. Para garantir o
seu florescimento, a poda deve ser feita na Primavera, prolongando-se o
seu cultivo até ao Inverno, desde que protegido da geada.
Utilização: Indispensável
no preparo de pizzas, o orégão é o companheiro perfeito do tomate, do
pimentão, da berinjela, da abóbora e das massas. Também combina muito
bem com carnes como a vitela e o peito de frango. É a única erva que
fica melhor seca do que fresca. Digestivo, antioxidante, antibacteriano,
antibiótico, analgésico, sedativo; auxiliar no tratamento de gripes,
resfriados e cólicas menstruais, auxilia a circulação do sangue.
8. Pimenta malagueta (Capsicum frutescens)
Perfil: ao contrário do pimento tradicional, a
pimenta malagueta quando floresce mantém-se na terra durante vários
anos, formando, inclusive, pequenos arbustos. Os seus frutos
apresentam-se de vários tamanhos e formatos, sempre vermelhos ou
amarelos. Extremamente picante, as suas doses devem ser bem medidas
antes de aplicadas em receitas culinárias.
Cultivo e cuidados:
as sementes podem ser adquiridas ou então obtidas através de uma vagem
madura da planta, que se dá igualmente bem tanto num pedaço de solo
como num vaso. No Verão requer um local ao ar livre mas protegido (uma
espécie de estufa) e no Inverno deve ser levada para dentro de casa –
suporta muito bem o calor e os ambientes interiores, mantendo-se verde e
produtiva durante todo o ano.
9. Salsa (Petroselinum sativum)
Perfil: reproduzindo-se em formato de arbusto, o
cultivo da salsa é, tal como o funcho, uma produção bienal que no
primeiro ano origina folha e no segundo, uma flor amarela.
Independentemente de a folhagem ser lisa ou frisada, o sabor
ligeiramente picante da salsa é idêntico em ambas as variedades.
Contendo sais minerais, vitaminas C e A, a salsa é amplamente utilizada
na cozinha mediterrânica, mas não deve ser consumida em excesso devido
ao seu alto teor de óleo essencial de apiol.
Cultivo e cuidados:
a sua produção é facilmente conseguida através de semente ou divisão,
num terreno solto e solarengo; e subsiste tanto no Verão como no
Inverno (desde que resguardada do frio ou então envasada e levada para
os peitoris interiores das janelas). Quanto mais intenso for o cultivo,
mais fresca se mantém a planta. Uma vez florescida, dá-se a maturação
das sementes e, no final, a morte da planta – por este motivo, deve-se
alterar constantemente o local de cultivo da salsa.
Utilização:Embora
tradicionalmente utilizada apenas para guarnição, a salsa fresca também
dá um excelente sabor a sopas e molhos. Existem duas variedades, com
folhas lisas ou frisadas, sendo a de folhas lisas mais decorativa, de
sabor mais forte e que suporta melhor o cozimento. Muita salsa picada,
um pouco de alho esmagado e azeite extravirgem aromatizado constituem um
excelente toque de acabamento para pratos de carne e peixe grelhados. A
salsa pode ser frita e servida com o peixe, ou reduzida a puré, com um
pouco de manteiga, para obter um molho rápido para servir com frango ou
vitela. Acrescenta cor e sabor às omeletes, saladas, molhos, purés de
batatas, patês e sopas. Favorece o equilíbrio hormonal; é fonte rica em
betacaroteno (pré vitamina A) e Vitaminas do Complexo B; alivia os
sintomas da bronquite, asma, cólicas menstruais e cistite; é auxiliar no
tratamento de cálculos renais e cólicas.
10. Tomilho (Thymus espécies)
Perfil: crescendo para formar pequenos e resistentes
arbustos, existem diversas variedades do tomilho que cresce
abundantemente, mesmo nos espaços mais reduzidos. Com um sabor e aroma
irresistível – graças aos óleos essenciais de timol e carvacrol – é
ingrediente estrela na culinária mediterrânica.
Cultivo e cuidados:
plantado com recurso a sementes ou simplesmente envasado, o tomilho é
um amante do calor e cresce ostensivamente. Florescendo a partir de
Maio, altura em que apresenta pequenas flores azuis, pode ser
aproveitado logo nesta fase, uma vez que é quando apresenta o melhor
paladar. Subsiste também nos meses mais frios do ano desde que coberto
com uma protecção ventilada.
Tomilho O seu
sabor é picante e amargo. É adequado para pratos de longa cozedura e
estufados. Ao contrário da maior parte das ervas, com excepção dos
orégãos, o tomilho é tão bom seco como fresco. Cai bem com borrego, mas
também com porco, frango, peixe e ovos. Combina muito bem com sopas,
molhos de tomate, legumes em geral, carnes vermelhas e terrine. Deve ser
utilizado com parcimónia porque o seu sabor se sobrepõe facilmente a
todos os outros. Digestivo, desinfetante, anti-séptico; é expectorante,
limpa as vias respiratórias e o intestino.
Aipo ou Salsão
Todas as suas partes podem ser utilizadas na cozinha. As folhas são
óptimas para dar um sabor especial a sopas e molhos, os talos podem ser
servidos crus, em saladas, ou cozidos junto com outros legumes,
acompanhando pratos à base de carne. Servido como entrada, o aipo é um
excelente alimento porque contém substâncias que estimulam a formação
dos sucos gástricos, aumentando o apetite. Digestivo, indicado para
flatulência (gases), diurético.
Alecrim Possui um
sabor forte, pelo que convém usá-lo com algum cuidado e finamente
picado. Utiliza-se geralmente seco. É empregue com borrego, no tempero
de coelho manso e marinada de caça. Os pés inteiros fazem uma boa base
para grelhar carne ou criação. Experimente-o em infusão em pratos doces,
como cremes, molhos doces, xaropes e gelado de baunilha. Digestivo,
antioxidante, estimulante, activador da circulação sanguínea,
antidepressivo e anti-séptico.
Cerefólio É uma
bonita planta de folhas plumosas, com o aroma delicado das sementes de
anis. Utilize-as rapidamente, pois uma vez colhidas as folhas murcham
logo. O cerefólio é muito usado na cozinha francesa, para dar gosto às
omeletas e pratos de peixe, mas também pode ser usado em saladas, sopas e
molhos.
Erva-Doce ou Anis Muito
utilizada na doçaria regional, esta erva é indispensável nas castanhas
cozidas. A base da haste é usada como legume. As folhas de erva doce
combinam muito bem com peixes grelhados ou cozidos em papelote. Este
tempero fica delicioso servido com grande variedade de carnes como
frango, vitela e outras. O seu aroma doce, como o anis, tempera muito
bem saladas, molhos e o creme fresco. Cultivado desde os tempos dos
faraós, o anis é actualmente muito popular em bebidas mediterrânicas
como o ouzo. Combate tontura, náuseas, infecções intestinais e
estomacais.
Eruca ou rúcula
Chamada arugula em Itália, onde é muito popular, é uma erva para salada,
utilizada com as folhas novas inteiras. Tem um sabor forte mas
delicioso, semelhante ao do agrião, que é muito realçado por um bom
molho de vinagrete. Muito boa com a massa cozida, com manteiga e alho
esmagado.
Estragão Uma erva com bonitas folhas finas, com um sabor forte mas subtil. Se a cultivar, assegure-se de que se trata da variante francesa, pois a russa cresce prolificamente mas não tem o mesmo sabor. O estragão é famoso pela sua aplicação em frangos, manteigas, molhos, ovos e peixe, mas também pode ser usado na carne e peças de caça e em tempero de saladas. O estragão tem um gosto picante que ajuda a realçar alimentos sem muito sabor. Muito usado no preparo de vinagres de vinhos brancos. Estimulante de apetite; alivia reumatismo e artrite, regulariza a menstruação, diurético
Folhas de feno-grego É
uma erva verde e macia, semelhante ao trevo, e a sua semente é muito
utilizada na cozinha indiana, porque o seu sabor amargo e aromático se
mistura bem com as outras especiarias. As folhas sabem a noz com gosto
de caril.
Princípios ativos : Destaque para a
4-hidroxisoleucina, um aminoácido responsável por grande parte do
efeito desta planta a nível lipídico e glicémico. Estimula a produção
de insulina por um efeito direto nos ilhéus de Langerhans (células do
pâncreas que produzem insulina).